Networking, A ‘culpada’ é sua mãe!

Networking, A ‘culpada’ é sua mãe

 Nas minhas palestras sobre networking, eu sempre falo que a maior culpada pelas dificuldades de networking no Brasil são as mães brasileiras. De imediato, todos fiquem espantados e reclamam da minha colocação. Mas daí eu pergunto: “O que é que sua mãe falava antes de vocês sair de casa?”.

Logo em seguida, vem a resposta da plateia: “Minha mãe dizia para que eu não falasse com pessoas estranhas”.
As barreiras em aumentar nosso circulo de relacionamento estão na nossa cabeça.
Quando participamos de eventos corporativos, feiras de negócios e reuniões de associações empresariais, as palavras das mães continuam nos influenciando. Entramos numa sala cheia de pessoas novas, desconhecidas, e o que fazemos? Procuramos por pessoas conhecidas (!).
Falar com uma pessoa estranha, dificilmente. “É melhor fingir que estou falando ao telefone, para não ir contra as palavras da minha mãe…”
Criamos alguns mitos sobre networking. Por exemplo, achar que conhecendo algumas pessoas “bem conectadas” é o suficiente.
Estatisticamente, a maioria das pessoas no Brasil conhece de 100 a 150 pessoas, considerando seus grupos de amigos, colegas e parentes. É pouco num país de quase 200 milhões de pessoas. Nos Estados Unidos, o mesmo numero está perto de 650.
Ficamos sem conhecer pessoas novas. Temos vergonha de falar com quem não fomos apresentados. Temos medo do desconhecido. Em eventos, ficamos em grupos de conhecidos ou colegas de trabalho, chegamos até a criar barreiras físicas — como um grupo fechado, impedindo que outras pessoas possam nos abordar. É nossa zona de conforto, nossa proteção.
Achamos que somente entregando um cartão de visita ou um folheto da nossa empresa é suficiente. Ou pior, não entregamos um cartão de visita como medida de segurança! Não entregar seus dados de contato para não ser perturbado… Ai!
Networking é um processo com início, meio, mas sem fim. Nós somente podemos aumentar nosso grupo de relacionamento através de pessoas desconhecidas, tornando-as conhecidas; para tal, registramos os dados do novo contato para futura interação, colocando a informação no CRM da empresa.
Conseguimos aumentar a nossa confiança e credibilidade profissional através das pessoas já conhecidas, que podem servir de referência ou testemunhal em futuros negócios.
No meio do processo de networking é aconselhável manter contato com nosso grupo relacional, criar uma forma de administrar a frequência de comunicação com os seus contatos. Isso tudo, mesmo na entressafra: mande um e-mail, faça uma ligação, envie um bilhete escrito à mão (coisa rara hoje em dia).
Sua mãe fazia isso muito bem quando você era criança, escrevendo os convites para o seu aniversário, entregando-os em mãos e aproveitando para falar sobre você. Marketing e networking são processos complementares e tem muito em comum.
As mães são as melhores diretoras de marketing dos filhos, pois elas não tem vergonha de falar sobre os seus méritos, até com estranhos.
Então, quando uma mãe fala “não fale com pessoas estranhas”, ela somente está repetindo o que a mãe dela falava. Na realidade, o que elas querem é que você tenha critérios de avaliação com quem você se relaciona.
Fica a dica: leve sua mãe a eventos ou à próxima feira de negócios. E deixe-a falar sobre você, sua carreira, seus sucessos, sua empresa, seus produtos e serviços !
* Thomas Reaoch, conhecido como o “Rei do Networking”, é autor do livro “Seja executivo e não executado” (ed. Komedi) e comentarista na Web Radio norte-americana Talk 2 Brazil